A minha História

Passei toda uma vida a tentar perceber-me e aos meus pequenos/grandes dilemas.
Qual era o sentido de ter asas, se estava presa numa gaiola sem conseguir voar?
Uma menina cativa da sua própria mente fértil, que produz demasiados pensamentos por minuto.
Há quem tenha o problema de não pensar, o meu sempre foi precisamente o contrário, o meu sempre foi pensar demais. Pensar até o meu cérebro estar prestes a rebentar.

Aquelas histórias "fascinantes" que vemos na internet de pessoas que estiveram às portas da morte e recuperaram de uma forma extraordinária? Pois bem... Eu não estive às portas da morte. Eu cheguei a sentir a morte.
Porque, não será a morte interior tão ou mais dolorosa do que uma morte física?

Estive 6 anos presa num ciclo e estado de dormência mental de tamanho tão grande que deixei de saber relacionar-me com os demais. Não porque não lhes queria o bem, mas porque me sentia um peso e me sentia não digna do amor e carinho... Eu tentei muito amar o outro, mais do que me amava a mim, de forma a preencher este vazio. De forma a agradar a toda a gente. Para que todos gostassem de mim, porque eu me odiava.

Era comum encontrar-me fechada no meu quarto, com tudo às escuras, mesmo durante o dia. Porque era assim que o meu interior se encontrava e era essa a minha zona de conforto.

Fiquei sem unhas de tanto tentar escalar sozinha o poço na qual me encontrava... O poço era muito profundo, e eu estava lá em baixo.

Cometi atos odiáveis de revolta contra mim mesma, atos dos quais algumas marcas físicas ainda me acompanham. E quase cometi a maior e última loucura da minha vida... Planeei-o várias vezes ao mais profundo pormenor, de uma forma completamente obcecada em obter um final. Não um final feliz... Muito menos um final triste... Apenas um final...
Porque afinal de contas, sobreviver não era viver... E a vida já não fazia sentido.

Mas se pensavam que estes primeiros parágrafos definiam a minha história estavam enganados. Relatei-vos a introdução à minha vida, porque a minha história começa agora, nas próximas linhas. Não a introdução triste que vimos, mas o desenvolvimento lindo e cheio de cor e graça que veremos:

O poço era muito fundo e tinham-me cortado as asas... Não valia a pena tentar escalá-lo... Não sozinha.

Um dia tudo mudou...
Quarta-feira, dia 9 de Agosto de 2017 se a memória não me falha (a idade não perdoa :P), o mundo deixou de ser cinzento numa escala monocromática para ser completamente recheado de cores vibrantes. E não foi o mundo que mudou, fui eu...
Ele mudou-me.

No meu momento mais fraco Ele se fez forte. Deus pegou-me ao colo e levantou-me. A verdade é que Ele nunca tinha estado longe, mas os meus olhos estavam noutro lugar, até ter tido um encontro com Ele e Ele me ter demonstrado todos os aspetos sobre os quais eu estava errada, principalmente sobre mim mesma.
Eu nunca fui a má pessoa, culpada e indigna que me sentia... Eu nunca fui aquilo que as vozes que ecoavam na minha cabeça diziam. Eu nunca fui aquela pessoa que de uma forma deturpada via no espelho. Mas eu achava que era.

Até o Criador me ter mostrado quem eu realmente sou - ESCOLHIDA, PERDOADA, ÚNICA, e acima de tudo, AMADA.

Senti o seu abraço e a sua doce voz a dizer-me que tudo iria ficar bem. E pela primeira vez, em muitos anos, a solidão já não me descrevia... Já não me sentia só.

O caminho começou aí... Mas sempre que penso que finalmente entendi o quão amada sou, Deus demonstra-me que eu não tenho nem ideia do amor que ele sente por mim.

Se Deus se fez homem e morreu por mim, se o maior artista que alguma vez existiu viu potencial em mim...Se Ele me amou... Como poderia eu não me amar?

Todos os dias me sinto fascinada ao observar a obra do maior artista que alguma vez existiu.

E o que me deixa mais animada, é o facto de saber que ainda não acabou... Tenho a oportunidade de viver e de conhecer Jesus um pouco mais a cada dia e rever-me nEle. E a certeza de que o melhor ainda está por vir...!

(Não reparem na confusão, estamos constantemente em obras)